sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Não se rendeu

Corriam pelas calçadas
pelas escadas pelas ruas
caras sorrisos almas lavadas

Tocavam uma canção
sem letra verso submerso
no inverso das mãos um violão

Um velho dois homens feitos uma criança
riscavam muros mais cinzentos que duros
do alto da favela dá pra ver matéria de poesia

Cansados daquela gratuita alegria
rugiam raivosamente cinco mil comerciantes
políticos burocratas almofadinhas pedantes

Essa gente importante pediu a Deus uma solução
rezando novena  jogando na mega-sena
num milagre lembraram: 190 - nº do batalhão

O quarteto foi em cana: todos no camburão
a viatura cinza abriu um sorriso
outras cores outras palavras um passe de feitiço

Se era assim era melhor fazer
arte atrás das grades... lá fora não há sabor
de fruta ninguém flutua: não há a minha boca nem a tua!


Fran Yan Tavares

Um comentário:

carmen silvia presotto disse...

Parabéns por teu espaço e poesia, e que sigamos fazendo versos atrás das grandes, em frente a Vida sempre.

Usei dois versos teus lá na Comunidade Gullar, um beijo amigo, apareça em Vidráguas e seguimos!