sábado, 3 de novembro de 2012

Síntese e contraponto

E ontem eu vi Apolo e Dionísio
descalços correndo nas calçadas
brincando de polícia e ladrão
ou seria a figura controversa de Exu
trancando ruas e abrindo janelas
no seu caminho de veredas e oposição?

Fran Yan Tavares

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Procissão

A revolução não será retuitada
ninguém vai parar na beira do cais
não há brincadeira de bobo, bola e balão
possibilidades meia-boca não formam sorrisos
nada de querer isso e aquilo e um pouco mais daquilo e menos disso
assim não cura dor de dente, não tem vela, inverno e verão !

Fran Yan Tavares

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Secar à sombra

A seca
engolira em seco a sombra do sol
aumentara a incidência de incêndios
e alguém sorriu em brasas

A seca
gerara saldo no sumiço do sal do doce
contara contas no colar de contas
e alguém sorriu dúvidas bancárias...

Fran Yan Tavares

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Conversa com Teresa

Pois é
e a vida segue pedindo coragem
e eu fingindo que não ouço
um dia meu tímpano será perfurado...

Fran Yan Tavares

domingo, 21 de outubro de 2012

De arrastão

Fraquejando e divagando na pressa
de chegar para ficar
andando devagar quase parando
sem fiado e sem conversa
lambuzando os óculos de um choro
sem ver nem pra quê ter vontade de parar...

Fran Yan Tavares

Fez-se um estrago

Salitre e pólvora
um pouco de bobagem e náusea
enxofre, chumbo, uma terça de cachaça
e meia banda de limão qualquer esfregada
com a ponta dos dedos no copo americano

Calor e colapso
um guardanapo e nenhum dedo
de pão, espírito, sermão, retrocesso ou prosa
para encher um balão, um canto de quarto de pensão
ou um vazio de praça pintada na inoportuna grinalda de fumaça

Fran Yan Tavares

sábado, 6 de outubro de 2012

Lagarta pintada

O resto da sobra da borra do café
recairá sobre a dúvida que aguarda o guarda
e abrirá um sorriso no cangote do bafo da onça
e soprará silêncio no beijo no calo do peito do pé!

E a fita trançada no passo da dança
expressará entre todos os fogos o fogo da lagarta
e pintará com carvão e pólvora o cravo que não brigara
e circulará os ponteiros da ponte  na vaga do trem do meu sertão!

Fran Yan Tavares